terça-feira, 16 de abril de 2013
SOBRE A YUD - Amazônia Socioambiental
Temos por finalidade planejar, organizar, executar e divulgar ações objetivando:
- Associar pessoas interessadas em trabalhos ecológicos, sociais, educacionais, culturais e da gestão pública de qualquer natureza.
- Realizar estudos e pesquisas.
- Difundir programas voluntários.
- Promover a identificação, valorização e desenvolvimento da cultura, esporte e laser.
- Capacitar e qualificar pessoas para serem agentes multiplicadores em suas comunidades, visando a melhoria da sua qualidade de vida .
- Prestar serviços de consultoria e gestão de projetos socioambientais a entidades públicas e privadas.
- Participar de instâncias coletivas e públicas nacionais e internacionais correlatadas aos fins desta associação,
visando preservar o equilíbrio do meio ambiente, defendendo o sociocultural.
Além da nossa preocupação com o meio ambiente, estamos nos antecipando a uma questão de futuro.
" PENSANDO NO HOJE NO MUNDO DE AMANHÃ"
Junte se a Nós
quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013
O Açai Nosso de Cada Dia
Para quem vem de fora, esta expressão pode até soar estranha. Não para os paraenses. Não é exagero falar que o açaí compara-se ao pão ou ao feijão com arroz como alimento diário de milhares de habitantes no Pará e em outros estados da Amazônia, como o Amapá.
O Pará é o maior produtor do fruto no Brasil, responsável por cerca de 85% da produção nacional. Os outros 15% são distribuídos por Amapá, Amazonas, Rondônia, Acre e Tocantins.
Hoje em dia o açaí está presente não somente na mesa dos paraenses, como refeição principal acompanhado de peixe, camarão seco ou charque frito, além da farinha ou como sobremesa (com ou sem açúcar), mas em vários lugares do Brasil. Seja nas academias paulistanas, nas casas de suco do Rio, nas sorveterias de Fortaleza. Presente também na Europa, Estados Unidos e Japão.
No entanto, muitos não fazem ideia de como o fruto chega até suas mesas e tigelas. A colheita é feita de forma artesanal. O fruto deve estar na coloração roxo-escura ou verde-escura (conforme a variedade), coberta por uma camada acinzentada. O coletor deve subir na palmeira, geralmente com altura de 10 a 15 metros, usando um instrumento chamado “peconha”, chegando até onde fica localizado o cacho do açaí e fazendo um corte em sua base. O fruto deve ser selecionado já no local para separar as partes indesejáveis à comercialização. Há o trabalho de separar os pequenos frutos das hastes dos cachos (trabalho este chamado de “debulhamento’). Neste processo verifica-se quais frutos estão aptos para consumo. Aqueles que foram atacados por inseto ou que tenha fezes de aves são prontamente descartados. Evita-se o contato direto com o solo para que não contamine o produto. É um trabalho oneroso que muitos de nós não temos o conhecimento.
Depois de todo esse processo, ainda temos a parte da higienização, do acondicionamento, do armazenamento e do transporte até os grandes centros de comercialização.
O açaí comercializado em Belém vem geralmente das ilhas do entorno da cidade ou de municípios como Abaetetuba, Igarapé-Miri ou da Ilha de Marajó. Detalhe: O Marajó é o único local onde há açaí durante o ano todo. Por aqui a produção cai nos períodos de chuva (de novembro a março); no verão amazônico (de abril a outubro) acontece o inverso.
O horário é muito importante para o transporte. Geralmente é comercializado durante a madrugada. Neste caso, devido ao fato de a temperatura estar mais amena, o processo de degradação do açaí é menor. Em Belém, antes do raiar do dia, podemos observar o movimento dos barcos (o meio de transporte mais utilizado e também o mais prático, devido os açaizais estarem localizados em áreas de várzea), trazendo o fruto até à Feira do Açaí, no complexo do Ver-o-peso. Açaí para todos os gostos, do roxo ao branco, vendidos em cestos (ou rasas) confeccionadas com fibras de jacitara ou de guarumã, prontos para abastecer dos supermercados dos bairros nobres ao mais simples ponto de venda nos bairros periféricos da cidade.
O lado bom dessa história é o fato de o fruto ser reconhecido Brasil afora, como parte dos costumes da Amazônia e, especial, de Belém. Dos restaurantes às barracas de comida no Ver-o-Peso, o açaí está lá. Mas todo esse reconhecimento tem seu preço. Nos últimos anos as exportações aumentaram bastante. Isso faz com que o açaí que fica aqui fique extremamente caro, chegando ao absurdo de se cobrarem R$ 24,00 o litro. Para quem, dez anos atrás, comprava a R$ 3,00 o litro, fica insustentável consumi-lo todos os dias. Ruim para todos, especialmente para as famílias mais pobres que, mais uma vez, são excluídas a ponto de não poderem consumir algo que é tão nosso. Hora de repensar e não deixar que o mercado exclua seus verdadeiros representantes “papa-xibé”.
Maykon Serrão
Yud Amazônia.
O Pará é o maior produtor do fruto no Brasil, responsável por cerca de 85% da produção nacional. Os outros 15% são distribuídos por Amapá, Amazonas, Rondônia, Acre e Tocantins.
Hoje em dia o açaí está presente não somente na mesa dos paraenses, como refeição principal acompanhado de peixe, camarão seco ou charque frito, além da farinha ou como sobremesa (com ou sem açúcar), mas em vários lugares do Brasil. Seja nas academias paulistanas, nas casas de suco do Rio, nas sorveterias de Fortaleza. Presente também na Europa, Estados Unidos e Japão.
No entanto, muitos não fazem ideia de como o fruto chega até suas mesas e tigelas. A colheita é feita de forma artesanal. O fruto deve estar na coloração roxo-escura ou verde-escura (conforme a variedade), coberta por uma camada acinzentada. O coletor deve subir na palmeira, geralmente com altura de 10 a 15 metros, usando um instrumento chamado “peconha”, chegando até onde fica localizado o cacho do açaí e fazendo um corte em sua base. O fruto deve ser selecionado já no local para separar as partes indesejáveis à comercialização. Há o trabalho de separar os pequenos frutos das hastes dos cachos (trabalho este chamado de “debulhamento’). Neste processo verifica-se quais frutos estão aptos para consumo. Aqueles que foram atacados por inseto ou que tenha fezes de aves são prontamente descartados. Evita-se o contato direto com o solo para que não contamine o produto. É um trabalho oneroso que muitos de nós não temos o conhecimento.
Depois de todo esse processo, ainda temos a parte da higienização, do acondicionamento, do armazenamento e do transporte até os grandes centros de comercialização.
O açaí comercializado em Belém vem geralmente das ilhas do entorno da cidade ou de municípios como Abaetetuba, Igarapé-Miri ou da Ilha de Marajó. Detalhe: O Marajó é o único local onde há açaí durante o ano todo. Por aqui a produção cai nos períodos de chuva (de novembro a março); no verão amazônico (de abril a outubro) acontece o inverso.
O horário é muito importante para o transporte. Geralmente é comercializado durante a madrugada. Neste caso, devido ao fato de a temperatura estar mais amena, o processo de degradação do açaí é menor. Em Belém, antes do raiar do dia, podemos observar o movimento dos barcos (o meio de transporte mais utilizado e também o mais prático, devido os açaizais estarem localizados em áreas de várzea), trazendo o fruto até à Feira do Açaí, no complexo do Ver-o-peso. Açaí para todos os gostos, do roxo ao branco, vendidos em cestos (ou rasas) confeccionadas com fibras de jacitara ou de guarumã, prontos para abastecer dos supermercados dos bairros nobres ao mais simples ponto de venda nos bairros periféricos da cidade.
O lado bom dessa história é o fato de o fruto ser reconhecido Brasil afora, como parte dos costumes da Amazônia e, especial, de Belém. Dos restaurantes às barracas de comida no Ver-o-Peso, o açaí está lá. Mas todo esse reconhecimento tem seu preço. Nos últimos anos as exportações aumentaram bastante. Isso faz com que o açaí que fica aqui fique extremamente caro, chegando ao absurdo de se cobrarem R$ 24,00 o litro. Para quem, dez anos atrás, comprava a R$ 3,00 o litro, fica insustentável consumi-lo todos os dias. Ruim para todos, especialmente para as famílias mais pobres que, mais uma vez, são excluídas a ponto de não poderem consumir algo que é tão nosso. Hora de repensar e não deixar que o mercado exclua seus verdadeiros representantes “papa-xibé”.
Maykon Serrão
Yud Amazônia.
terça-feira, 29 de janeiro de 2013
Bragança, a pérola do Caeté: um pedaço diferente da Amazônia.
Talvez nem todos a conheçam pessoalmente, mas muitos paraenses já ouviram alguma referência sobre a cidade de Bragança, localizada na região do salgado ou, segundo a classificação da Paratur, no polo Amazônia Atlântica, no Pará.
A cidade é famosa por produzir a melhor farinha de mandioca do estado, opinião de várias pessoas. É um dos destinos mais procurados na época do veraneiro. A praia de Ajuruteua, distante 30 minutos de carro da sede do município, é uma das mais procuradas pelos veranistas.
Neste post vamos nos ater naquilo que a maioria das pessoas não conhecem. Há na cidade as chamadas “Reservas Extrativistas” conhecidas pela sigla RESEX. Entre 18 e 20 de janeiro de 2013, os alunos da Faculdades de Turismo da Universidade Federal do Pará fizeram uma prática de campo em algumas localidades dentro da Reserva Extrativista Marinha do Caeté-Taperaçu.
As resex são Unidades de Conservação (as chamadas UC) pertencentes ao grupo das unidades de uso sustentável. De acordo com a lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000, que institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), uma resex é uma área utilizada por populações extrativistas tradicionais, cuja subsistência baseia-se no extrativismo e, complementarmente, na agricultura de subsistência e na criação de animais de pequeno porte, e tem como objetivos básicos proteger os meios de vida e a cultura dessas populações, e assegurar o uso sustentável dos recursos naturais da unidade.
Nesta visita os discentes puderam comprovar o quanto o bioma amazônico é diversificado. Áreas de mangue, terreno arenoso e campos (os chamados campos bragantinos) são uma amostra do que a natureza tem para nos mostrar.
Na Vila Bonifácio, a caminho de Ajuruteua, os moradores vivem basicamente da pesca. Casas de madeira, coloridas (algumas em alvenaria) e ruas de areia compõem o lugar. O modo simples de viver contrasta com as diversas antenas parabólicas vistas em várias dessas casas. De todas as comunidades visitadas, esta é a que pareceu ser melhor assistida pelo poder público. Claro que a vila possui suas dificuldades. A principal reclamação dos moradores é quanto à água, que não é de boa qualidade.
A Fazendinha é outra comunidade visitada pelos estudantes. A maioria vive da fabricação de telhas e tijolos. No entanto os estudantes visitaram um local que fabrica artesanato, como vasos, luminárias, peças de decoração, entre outras peças. O artesanato de Bragança possui uma característica única no estado do Pará. Pra começar, é feita com um tipo de barro branco que, segundo o Sr. Antônio, dono da olaria, só existe na região de Bragança (único lugar no estado inteiro). Para dar cor a algum detalhe da peça, ele usa barros de outras tonalidades que, conforme a peça vai assando, o detalhe fica de cor terracota ou cinza, criando um resultado muito bonito. O Sr. Antônio utiliza um tipo de semente para criar gravuras que diferencia suas peças das cerâmicas marajorara e tapajônica, criando um resultado único, próprio dos bragantinos.
Apesar disso as condições da vila não são favoráveis. Faltam serviços básicos, como postos médico, transporte público regular e segurança pública.
A vila de Tamatateua é onde ficam localizados os campos bragantinos. Lá a economia é bastante diversificada. Nesta comunidade a população vive do pescado, coleta do caranguejo, turu (para consumo próprio) farinha, mel, camarão, mexilhão, entre outras atividades de subsistência. Foi a primeira localidade a receber o programa "Luz para Todos" do Governo Federal. apesar disso, muitos ainda nãoo possuem energia elétrica em casa.
A Vila-Que-Era guarda um pedaço importante da história não só do município, mas da Amazônia no que tange à ocupação de seu território pelos europeus. A origem de Bragança está no local onde hoje fica a vila. Posteriormente a sede do município foi transferida para o outro lado do rio Caeté. Ao contrário do que se possa imaginar, a cidade não foi fundada por portugueses, e sim por franceses liderados por Daniel de La Touche, que chegaram a região do Caeté em 8 de julho de 1613. Até hoje moradores encontram vestígios daquela época, como peças de cerâmicas, moedas, porcelana. Sinal de que ali deva existir um importante sítio arqueológico.
Mesmo algumas comunidades sendo um tanto isoladas, nota-se a degradação que a ação do homem provoca na natureza. A começar pela estrada asfaltada que leva a Ajuruteua. Apesar de ter encurtado o tempo e a distância entre a sede do município e a praia, não se levou em conta o impacto que o asfalto trouxe para o mangue existente. Para quem vai em direção à praia, nota-se que ao lado direito vemos o mangue com vida, com aquela umidade característica. Do outro lado da pista, exatamente o contrario, seco, sem vida, devido o asfalto ter interrompido a ligação de um lado a outro, impedindo que a agua salobra chegasse até aquele ponto, tão essencial para manter o mangue vivo.
Felizmente há muitos moradores que se preocupam com ambiente onde vivem. Por viverem do extrativismo, eles têm consciência de que, se não tomarem cuidado em utilizar, com parcimônia, os recursos que a terra e o mangue oferecem, talvez não tenham de onde tirar seu sustento no futuro . Sendo que os objetivos básicos de uma resex é proteger os meios de vida e a cultura dessas populações tradicionais e assegurar o uso sustentável dos recursos naturais da unidade, uma semente está sendo plantada nessas comunidades. Esperamos sinceramente que ela dê frutos para que não venha a acontecer com elas o mesmo que ocorreu com o mangue à margem esquerda da estrada em direção à praia.
Texto: Maykon Serrão (Yud Amazônia)
Crédito das Imagens: Vista de Bragança e do Rio Caeté: Jessica Medeiros (discente FACTUR-UFPA).
Entrevista com moradores locais: Marcos André Costa (discente FACTUR-UFPA).
Imagens restantes: Maykon Serrão.
A cidade é famosa por produzir a melhor farinha de mandioca do estado, opinião de várias pessoas. É um dos destinos mais procurados na época do veraneiro. A praia de Ajuruteua, distante 30 minutos de carro da sede do município, é uma das mais procuradas pelos veranistas.
Neste post vamos nos ater naquilo que a maioria das pessoas não conhecem. Há na cidade as chamadas “Reservas Extrativistas” conhecidas pela sigla RESEX. Entre 18 e 20 de janeiro de 2013, os alunos da Faculdades de Turismo da Universidade Federal do Pará fizeram uma prática de campo em algumas localidades dentro da Reserva Extrativista Marinha do Caeté-Taperaçu.
As resex são Unidades de Conservação (as chamadas UC) pertencentes ao grupo das unidades de uso sustentável. De acordo com a lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000, que institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), uma resex é uma área utilizada por populações extrativistas tradicionais, cuja subsistência baseia-se no extrativismo e, complementarmente, na agricultura de subsistência e na criação de animais de pequeno porte, e tem como objetivos básicos proteger os meios de vida e a cultura dessas populações, e assegurar o uso sustentável dos recursos naturais da unidade.
Nesta visita os discentes puderam comprovar o quanto o bioma amazônico é diversificado. Áreas de mangue, terreno arenoso e campos (os chamados campos bragantinos) são uma amostra do que a natureza tem para nos mostrar.
Na Vila Bonifácio, a caminho de Ajuruteua, os moradores vivem basicamente da pesca. Casas de madeira, coloridas (algumas em alvenaria) e ruas de areia compõem o lugar. O modo simples de viver contrasta com as diversas antenas parabólicas vistas em várias dessas casas. De todas as comunidades visitadas, esta é a que pareceu ser melhor assistida pelo poder público. Claro que a vila possui suas dificuldades. A principal reclamação dos moradores é quanto à água, que não é de boa qualidade.
A Fazendinha é outra comunidade visitada pelos estudantes. A maioria vive da fabricação de telhas e tijolos. No entanto os estudantes visitaram um local que fabrica artesanato, como vasos, luminárias, peças de decoração, entre outras peças. O artesanato de Bragança possui uma característica única no estado do Pará. Pra começar, é feita com um tipo de barro branco que, segundo o Sr. Antônio, dono da olaria, só existe na região de Bragança (único lugar no estado inteiro). Para dar cor a algum detalhe da peça, ele usa barros de outras tonalidades que, conforme a peça vai assando, o detalhe fica de cor terracota ou cinza, criando um resultado muito bonito. O Sr. Antônio utiliza um tipo de semente para criar gravuras que diferencia suas peças das cerâmicas marajorara e tapajônica, criando um resultado único, próprio dos bragantinos.
Apesar disso as condições da vila não são favoráveis. Faltam serviços básicos, como postos médico, transporte público regular e segurança pública.
A vila de Tamatateua é onde ficam localizados os campos bragantinos. Lá a economia é bastante diversificada. Nesta comunidade a população vive do pescado, coleta do caranguejo, turu (para consumo próprio) farinha, mel, camarão, mexilhão, entre outras atividades de subsistência. Foi a primeira localidade a receber o programa "Luz para Todos" do Governo Federal. apesar disso, muitos ainda nãoo possuem energia elétrica em casa.
A Vila-Que-Era guarda um pedaço importante da história não só do município, mas da Amazônia no que tange à ocupação de seu território pelos europeus. A origem de Bragança está no local onde hoje fica a vila. Posteriormente a sede do município foi transferida para o outro lado do rio Caeté. Ao contrário do que se possa imaginar, a cidade não foi fundada por portugueses, e sim por franceses liderados por Daniel de La Touche, que chegaram a região do Caeté em 8 de julho de 1613. Até hoje moradores encontram vestígios daquela época, como peças de cerâmicas, moedas, porcelana. Sinal de que ali deva existir um importante sítio arqueológico.
Mesmo algumas comunidades sendo um tanto isoladas, nota-se a degradação que a ação do homem provoca na natureza. A começar pela estrada asfaltada que leva a Ajuruteua. Apesar de ter encurtado o tempo e a distância entre a sede do município e a praia, não se levou em conta o impacto que o asfalto trouxe para o mangue existente. Para quem vai em direção à praia, nota-se que ao lado direito vemos o mangue com vida, com aquela umidade característica. Do outro lado da pista, exatamente o contrario, seco, sem vida, devido o asfalto ter interrompido a ligação de um lado a outro, impedindo que a agua salobra chegasse até aquele ponto, tão essencial para manter o mangue vivo.
Felizmente há muitos moradores que se preocupam com ambiente onde vivem. Por viverem do extrativismo, eles têm consciência de que, se não tomarem cuidado em utilizar, com parcimônia, os recursos que a terra e o mangue oferecem, talvez não tenham de onde tirar seu sustento no futuro . Sendo que os objetivos básicos de uma resex é proteger os meios de vida e a cultura dessas populações tradicionais e assegurar o uso sustentável dos recursos naturais da unidade, uma semente está sendo plantada nessas comunidades. Esperamos sinceramente que ela dê frutos para que não venha a acontecer com elas o mesmo que ocorreu com o mangue à margem esquerda da estrada em direção à praia.
Texto: Maykon Serrão (Yud Amazônia)
Crédito das Imagens: Vista de Bragança e do Rio Caeté: Jessica Medeiros (discente FACTUR-UFPA).
Entrevista com moradores locais: Marcos André Costa (discente FACTUR-UFPA).
Imagens restantes: Maykon Serrão.
segunda-feira, 14 de janeiro de 2013
O Plano de Arborização Urbana de Belém.
Em setembro do ano passado falamos sobre a arborização como uma maneira para amenizar o calor nas grandes cidades da Amazônia.
Voltando ao tema, o encarte do jornal O Liberal (Amazônia Viva, ed. Nº 11 - julho/ 2012) publicou uma matéria a respeito. Doze instituições se uniram para implantar o Plano de Arborização Urbana de Belém. Uma dessas instituições é o Embrapa Amazônia Oriental. A engenheira florestal Noemi Vianna, forneceu alguns exemplos de especíes de árvores mais indicadas:
Pequeno Porte
indicadas para ruas de calçadas estreitas
Ipezinho
Pequena e muito ramificada, esta árvore adequa-se a pequenos espaços, podendo ser plantada em bairros sem planejamento urbano, que não comportam espécies de médio e grande porte.
Araçá-boi
É um arbusto com cerca de 3 m de altura, com ramos desde o solo. Nativa da Amazônia, tem função ornamental por apresentar porte baixo e frutos maduros exuberantes.
Médio Porte
Indicadas para estacionamentos, calçadas com mais de 1,20 m de espaço livre para circulação de pedrestres, praças e parques
Cuieira
Originária do Amazonas e Pará, esta árvore é pequena de 9 m de altura. Os frutos são utilizados na fabricação de cuias que servem para beber o tacacá e para instrumentos musicais como o maracá.
Ingazeiro
Essa espécie alcança de 12 a 25 m de altura, em floresta primária e secundária. Os frutos, chamados de ingás, são vagens estreitas de 20 cm de comprimento, contendo muitas sementes envoltas por uma polpa doce comestível.
Flamboyant
A árvore pode atingir até 15 m de altura e 90 cm de diâmetro. Pode ser utilizada na arborização de estacionamentos, parques e avenidas com canteiros centrais.
Pau-preto
De copa ampla e frondosa, pode alcançar até 20 m de altura. O tronco possui casca fina e lisa. Pode ser usada na arborização de praças e jardins devido ao rápido crescimento e floraçao vistosa.
Ipê-rosa
Alcança de 6 a 17 m de altura, com folhas compostas e flores brancas ou rosadas. Essa árvore de regiões frias se adaptou muito no Pará. É usada em paisagismo e no reflorestamento.
Grande Porte
Indicadas para canteiros centrais de avenidas, parques e praças
Mangueira
Essa espécie, que compõe um dos cartões-postais mais famosos de Belém, o "Túnel de Mangueiras", na praça da República, pode atingir até 30 m. Apresenta copa arredondada e simétrica, variando de baixa a densa a ereta e aberta e adquirindo, eventualmente, foma piramidal.
Samaúma
Também conhecida por sumaúma, é uma espécie de crescimento rápido, podendo atingir 45 a 50 m de altura, com diâmetro com 80 a 160 cm. Em Belém, é encontrada em frente à Basílica de Nazaré e ao Hangar Centro de Convenções da Amazônia.
Ipê-amarelo
Espécie de porte alto que alcança posição de dossel superior ou emergente em florestas primárias ou secundárias. A copa é alongada e larga, com folhas compostas, opostas e inflorescência em panículas. Durante a estação seca, a planta fica totalmente despida de folhagem e com floraçao totalmente amarela. Muito usada no paisagismo em geral.
Fonte:Noemi Viana, pesquisadora da Embrapa Amazônia Ambiental
Fotos: http://www.museu-goeldi.br/museuempauta/noticias/agencia_museu_goeldi/11042008/primeira.html
http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/ipe-rosa/ipe-rosa-4.php
http://www.viveirodemudas.com/mudas-de-manga.html
http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=544014&page=136
Maykon Serrão
Yud Amazônia Socioambiental
Voltando ao tema, o encarte do jornal O Liberal (Amazônia Viva, ed. Nº 11 - julho/ 2012) publicou uma matéria a respeito. Doze instituições se uniram para implantar o Plano de Arborização Urbana de Belém. Uma dessas instituições é o Embrapa Amazônia Oriental. A engenheira florestal Noemi Vianna, forneceu alguns exemplos de especíes de árvores mais indicadas:
Pequeno Porte
indicadas para ruas de calçadas estreitas
Ipezinho
Pequena e muito ramificada, esta árvore adequa-se a pequenos espaços, podendo ser plantada em bairros sem planejamento urbano, que não comportam espécies de médio e grande porte.
Araçá-boi
É um arbusto com cerca de 3 m de altura, com ramos desde o solo. Nativa da Amazônia, tem função ornamental por apresentar porte baixo e frutos maduros exuberantes.
Médio Porte
Indicadas para estacionamentos, calçadas com mais de 1,20 m de espaço livre para circulação de pedrestres, praças e parques
Cuieira
Originária do Amazonas e Pará, esta árvore é pequena de 9 m de altura. Os frutos são utilizados na fabricação de cuias que servem para beber o tacacá e para instrumentos musicais como o maracá.
Ingazeiro
Essa espécie alcança de 12 a 25 m de altura, em floresta primária e secundária. Os frutos, chamados de ingás, são vagens estreitas de 20 cm de comprimento, contendo muitas sementes envoltas por uma polpa doce comestível.
Flamboyant
A árvore pode atingir até 15 m de altura e 90 cm de diâmetro. Pode ser utilizada na arborização de estacionamentos, parques e avenidas com canteiros centrais.
Pau-preto
De copa ampla e frondosa, pode alcançar até 20 m de altura. O tronco possui casca fina e lisa. Pode ser usada na arborização de praças e jardins devido ao rápido crescimento e floraçao vistosa.
Ipê-rosa
Alcança de 6 a 17 m de altura, com folhas compostas e flores brancas ou rosadas. Essa árvore de regiões frias se adaptou muito no Pará. É usada em paisagismo e no reflorestamento.
Grande Porte
Indicadas para canteiros centrais de avenidas, parques e praças
Mangueira
Essa espécie, que compõe um dos cartões-postais mais famosos de Belém, o "Túnel de Mangueiras", na praça da República, pode atingir até 30 m. Apresenta copa arredondada e simétrica, variando de baixa a densa a ereta e aberta e adquirindo, eventualmente, foma piramidal.
Samaúma
Também conhecida por sumaúma, é uma espécie de crescimento rápido, podendo atingir 45 a 50 m de altura, com diâmetro com 80 a 160 cm. Em Belém, é encontrada em frente à Basílica de Nazaré e ao Hangar Centro de Convenções da Amazônia.
Ipê-amarelo
Espécie de porte alto que alcança posição de dossel superior ou emergente em florestas primárias ou secundárias. A copa é alongada e larga, com folhas compostas, opostas e inflorescência em panículas. Durante a estação seca, a planta fica totalmente despida de folhagem e com floraçao totalmente amarela. Muito usada no paisagismo em geral.
Fonte:Noemi Viana, pesquisadora da Embrapa Amazônia Ambiental
Fotos: http://www.museu-goeldi.br/museuempauta/noticias/agencia_museu_goeldi/11042008/primeira.html
http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/ipe-rosa/ipe-rosa-4.php
http://www.viveirodemudas.com/mudas-de-manga.html
http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=544014&page=136
Maykon Serrão
Yud Amazônia Socioambiental
sábado, 12 de janeiro de 2013
A Belém que Queremos nos seus 397 anos!
São quase quatro séculos de história. De 1616 pra cá, Belém passou por várias transformações. Foi sede da província do Grão-Pará e Maranhão, província esta "independente" do restante do Brasil; viu a revolta da Cabanagem; viu a transformação urbana de onde surgiu a "Paris dos trópicos"; viu sua decadência com o fim do apogeu da borracha; viu governos e (des)governos.
A cidade, que acolhe tanta gente como se fosse da família, que é uma síntese do que há de bom (e não tão bom) na Amazônia, com suas maravilhas e suas mazelas, mais do que merece um presente.
Qual seria o presente ideal para Belém?
Vamos aqui listar alguns deles. Temos certeza que o leitor tem os seus também.
1- Educação: quando se fala em educação, não falamos somente de mais escolas de qualidade, de melhor infraestrutura nas que já existem na cidade, do ato de ensinar e aprender. Falamos também no sentido de conscientizar-se em cuidar da cidade, de tratá-la com mais carinho. Triste ver alguém que jogue lixo na rua, na calçada. Nosso maior cartão-postal, o Ver-o-Peso, tem que ficar desviando do lixo que toma conta. Andando um pouco mais pela cidade, vemos prédios públicos e privados sofrendo com a ação de vândalos que picham muros e paredes. Não adianta somente a educação formal nas escolas se não receber a educação em casa.
2- Segurança pública: Triste ouvir de visitantes que já foram vítimas de assalto ou qualquer outro tipo de violência urbana na cidade. Não há coisa pior em uma viagem do que relatar um assalto. É uma propaganda negativa desnecessária para a cidade. Claro que isso não é exclusividade de Belém. Outras cidades brasileiras também padecem do mesmo mal. Mas bem que nossos governantes, responsáveis por criar políticas públicas neste campo, pudessem trabalhar mais nisso. Enquanto isso, a população fica à mercê de criminosos que não se importam nem um pouco com isso.
3- Arborização: Por vivermos na Amazônia, deveríamos dar exemplo em termos mais árvores nas ruas. Mas somos a capital com o menor índice de arborização do Brasil, segundo pesquisa do IBGE. As mangueiras são do início do século XX, numa cidade que tinha pouco mais de cem mil habitantes. Hoje conta com 1,4 milhões, segundo o último censo, de 2010. A arborização não cresceu com junto com a cidade. Portanto, é comum ver bairros periféricos com pouca ou nenhuma cobertura vegetal, geralmente os bairros mais populosos da cidade, como Guamá, Terra Firme, Sacramenta, Marambaia e Benguí.
4- Saúde: seguindo pelo mesmo critério da educação, não falamos somente de mais hospitais e postos de saúde. Claro, hospitais em lugares onde realmente precisam seria ótimo. Falamos também de mais médicos (estes, com um salário digno), que a Saúde da Família funcione de fato, de cuidar da prevenção, equipar os hospitais e postos já existentes. O saneamento é um capítulo à parte. Não podemos falar de prevenção de doenças sem falar em saneamento. Devemos cuidar desses canais que são verdadeiros esgotos a céu aberto na cidade. Vem o período das chuvas, os canais transbordam (por culpa da população que joga lixo nos canais e ruas), os bueiros entopem e acaba transbordando nas ruas. Se já é difícil para quem anda no centro da cidade com as ruas alangando com qualquer chuvinha, imagina para quem mora nas periferias da cidade, que convivem com isso por décadas a fio?
5- Autoestima: Cremos que, cuidando destas quatro coisas das quais falamos, o melhor presente que a cidade poderia receber é ter sua autoestima de volta. Somos orgulhosos de nosso passado, do patrimônio cultural e histórico que temos, de termos costumes únicos que não se vê em outra cidade brasileira. A cidade cuidando de seu povo, terá esse retorno não somente a cada 12 de janeiro, mas durante o ano inteiro. As pessoas irão cuidar melhor do local onde vivem.
Claro que isso não é tudo. Há tanto com o que contribuir!
Temos que cuidar de nosso presente para construirmos um melhor futuro para nossos filhos e netos. Estender todos esses benefícios para toda a população de Belém.
Parabéns, Belém. Por seus 397 anos de um história rica e gloriosa. Rumo a 400 anos!
Maykon Serrão
Yud Amazônia.
A cidade, que acolhe tanta gente como se fosse da família, que é uma síntese do que há de bom (e não tão bom) na Amazônia, com suas maravilhas e suas mazelas, mais do que merece um presente.
Qual seria o presente ideal para Belém?
Vamos aqui listar alguns deles. Temos certeza que o leitor tem os seus também.
1- Educação: quando se fala em educação, não falamos somente de mais escolas de qualidade, de melhor infraestrutura nas que já existem na cidade, do ato de ensinar e aprender. Falamos também no sentido de conscientizar-se em cuidar da cidade, de tratá-la com mais carinho. Triste ver alguém que jogue lixo na rua, na calçada. Nosso maior cartão-postal, o Ver-o-Peso, tem que ficar desviando do lixo que toma conta. Andando um pouco mais pela cidade, vemos prédios públicos e privados sofrendo com a ação de vândalos que picham muros e paredes. Não adianta somente a educação formal nas escolas se não receber a educação em casa.
2- Segurança pública: Triste ouvir de visitantes que já foram vítimas de assalto ou qualquer outro tipo de violência urbana na cidade. Não há coisa pior em uma viagem do que relatar um assalto. É uma propaganda negativa desnecessária para a cidade. Claro que isso não é exclusividade de Belém. Outras cidades brasileiras também padecem do mesmo mal. Mas bem que nossos governantes, responsáveis por criar políticas públicas neste campo, pudessem trabalhar mais nisso. Enquanto isso, a população fica à mercê de criminosos que não se importam nem um pouco com isso.
3- Arborização: Por vivermos na Amazônia, deveríamos dar exemplo em termos mais árvores nas ruas. Mas somos a capital com o menor índice de arborização do Brasil, segundo pesquisa do IBGE. As mangueiras são do início do século XX, numa cidade que tinha pouco mais de cem mil habitantes. Hoje conta com 1,4 milhões, segundo o último censo, de 2010. A arborização não cresceu com junto com a cidade. Portanto, é comum ver bairros periféricos com pouca ou nenhuma cobertura vegetal, geralmente os bairros mais populosos da cidade, como Guamá, Terra Firme, Sacramenta, Marambaia e Benguí.
4- Saúde: seguindo pelo mesmo critério da educação, não falamos somente de mais hospitais e postos de saúde. Claro, hospitais em lugares onde realmente precisam seria ótimo. Falamos também de mais médicos (estes, com um salário digno), que a Saúde da Família funcione de fato, de cuidar da prevenção, equipar os hospitais e postos já existentes. O saneamento é um capítulo à parte. Não podemos falar de prevenção de doenças sem falar em saneamento. Devemos cuidar desses canais que são verdadeiros esgotos a céu aberto na cidade. Vem o período das chuvas, os canais transbordam (por culpa da população que joga lixo nos canais e ruas), os bueiros entopem e acaba transbordando nas ruas. Se já é difícil para quem anda no centro da cidade com as ruas alangando com qualquer chuvinha, imagina para quem mora nas periferias da cidade, que convivem com isso por décadas a fio?
5- Autoestima: Cremos que, cuidando destas quatro coisas das quais falamos, o melhor presente que a cidade poderia receber é ter sua autoestima de volta. Somos orgulhosos de nosso passado, do patrimônio cultural e histórico que temos, de termos costumes únicos que não se vê em outra cidade brasileira. A cidade cuidando de seu povo, terá esse retorno não somente a cada 12 de janeiro, mas durante o ano inteiro. As pessoas irão cuidar melhor do local onde vivem.
Claro que isso não é tudo. Há tanto com o que contribuir!
Temos que cuidar de nosso presente para construirmos um melhor futuro para nossos filhos e netos. Estender todos esses benefícios para toda a população de Belém.
Parabéns, Belém. Por seus 397 anos de um história rica e gloriosa. Rumo a 400 anos!
Maykon Serrão
Yud Amazônia.
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