domingo, 2 de dezembro de 2012

Belém, a capital das ilhas no Brasil

Algumas cidades no mundo são conhecidas por terem seus territórios tanto no continente como em alguma ilha. Temos Nova York e sua Manhattan, Estocolmo, na Suécia, e seu conjunto de ilhas, entre tantas. No Brasil temos Florianópolis e São Luis. No entanto, não conheço outra cidade no Brasil que seja formada por 39 ilhas como Belém.
Sim, nós temos esse privilégio de termos 39 ilhas sob administração da prefeitura de Belém. Isso sem contar outras que pertencem a outros municípios, como Barcarena em relação à ilha das Onças, mas que podem ser vistas da Estação das Docas e do Ver-o-peso, por exemplo. Algumas muito conhecidas, como Cotijuba, Mosqueiro e Combu. Outras nem tanto, como Jutuba, Paquetá e Cacau.
A maioria delas tem como atividade econômica a agricultura e pesca de subsistência, a coleta do açaí que abastece a capital. Outras já possuem um fluxo turístico considerável. Cotijuba e Mosqueiro predomina o turismo de massa, cujas praias são seus grandes atrativos nos feriados prolongados e veraneio. A ilha dos papagaios atrai turistas de várias partes do Brasil em passeios de barco antes do amanhecer para ver a revoada dessas aves. Combu e seus restaurantes, tendo como cenário o rio Guamá, a mata em volta e, adiante, a cidade de Belém.
Diante de todas essas referências, vêm os questionamentos: será que as mesmas atividades praticadas nas ilhas mais conhecidas seriam viáveis nas outras? Considerando a degradação observada em Cotijuba, por exemplo, é melhor termos uma política pública que contemple a atividade turística nessas ilhas, respeitando o limite de carga desses lugares, respeitando o meio ambiente e resguardando a cultura local. Não é uma boa ideia um turismo de massa em certos locais, mas o ecoturismo pode ser uma saída. Ou mesmo o chamado “Turismo de Base Comunitária”, onde a participação dos moradores locais é fundamental. Afinal, todos devem participar do processo e não seria diferente com os residentes, os maiores interessados.
A atividade turística poderia servir como uma alternativa de renda para essas pessoas, sem que elas deixassem sua atividade principal de lado. No entanto deve-se observar todas as legislações vigentes. Algumas podem ser protegidas por leis ambientais total ou parcialmente, o que inviabilizaria qualquer implantação de atividade turística no local.
Considerando que, mesmo para ilhas como o Combu e Papagaios, o acesso é precário. Se já é ruim para os visitantes, imaginem para os moradores. Turismo só é bom para o turista quando este for bom para os moradores locais. Os visitantes irão embora, mas as melhorias em infraestrutura e acesso devem permanecer para seus moradores.
Nenhum governante que passou pela prefeitura de Belém enxergou o potencial que essas ilhas possuem para o turismo na cidade. Nunca aproveitou-se o fato de estarmos em pelo delta do Amazonas, o maior do mundo. Nunca ninguém explorou isso a nosso favor. Quem chega à cidade, seja de avião ou de navio, sabe a imensidão de rios e ilhas que cercam a capital.
Há vários projetos para essas ilhas, não exatamente em relação ao turismo, mas em relação à sua biodiversidade, os costumes da população ribeirinha e sua dinâmica sociocultural. Nas próximas postagens iremos tratar de alguns desses projetos e falar mais a respeito.

Maykon Serrão.
Yud Amazônia.

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